Existe limite para sonhar?

Todo sonho é possível? Haveria, de fato, fronteiras para o que podemos conquistar? Ou seriam essas fronteiras apenas muros invisíveis, construídos pelas crenças que fomos ensinados a carregar? Este texto nasce como convite à reflexão, com uma proposta realista, porém otimista. Porque sonhar, no fim das contas, é o primeiro passo para transformar qualquer realidade.

Isabela Scognamiglio Marangon, Nicolas Dalfré Araujo

6/23/2025

A sociedade e suas crenças

Desde cedo, somos moldados pela sociedade. Aprendemos o que é certo, o que é esperado de nós, o que é possível, e o que é impossível. Algumas dessas lições são valiosas, outras, nem tanto. Há crenças tão enraizadas que acabam por limitar aquilo que poderíamos ser. Elas nos fazem desacreditar de nossos próprios sonhos e aceitar, em silêncio, uma vida que não escolhemos.

Quem nunca ouviu frases como “esse sonho não é para você”, “você não tem o perfil”, “isso é impossível”? Muitas vezes, essas palavras vêm de quem mais deveria nos apoiar. Elas não descrevem a realidade, mas sim a limitação de quem as diz.

No Projeto Sonho, acreditamos no oposto: todo sonho pode ser realizado. Mas não nos enganemos, pois essa afirmação não é tão simples quanto parece. A realização de um sonho exige certos pilares: esforço, flexibilidade, controle, apoio e oportunidades, além de uma compreensão honesta sobre os motivos que nos levam a sonhar.

O que é necessário para realizar um sonho?

Esforço

O esforço é o pilar mais claro de todos. É impossível avançar em direção a um sonho sem ação concreta, disciplina e vontade de mudar a própria condição. Esforço engloba aspectos como determinação, perseverança e coragem de continuar mesmo quando tudo parece conspirar contra.

Nenhuma conquista vem sem trabalho duro. E é importante lembrar que trabalho duro não significa sofrimento, mas sim envolvimento profundo com aquilo que se deseja construir.

Flexibilidade

Flexibilidade significa estar disposto a alterar os caminhos que havia planejado, mesmo que isso implique adiar a realização do sonho. Significa compreender que o verdadeiro sonho é o destino, mas que existem muitos caminhos possíveis para chegar até lá. Quem sonha com convicção está disposto a explorar alternativas, ajustar prazos e reformular estratégias com coragem e sabedoria.

Queremos deixar claro que o mais importante é o sonho final, e não necessariamente o modo como ele será alcançado. No entanto, o caminho até ele tem um valor imenso. É no trajeto que amadurecemos, aprendemos, caímos, nos reconstruímos, e principalmente, vivemos. Muitas vezes, a caminhada é mais transformadora que a própria conquista. Por isso, viva o processo com presença, pois ele molda não só o sonho, mas também quem você se torna ao alcançá-lo.

Imagine um jovem de 20 anos com R$ 10.000 na conta e o desejo de adquirir um carro zero quilômetro no próximo mês. Esse sonho, nesse contexto, é irreal, não porque seja impossível, mas porque exige um reajuste de rota. Talvez, em vez de conquistar o carro em um mês, ele o conquiste em um ano. O sonho permanece vivo, mas o tempo e o caminho se tornam mais coerentes com a realidade.

Ao conjecturarmos nossos sonhos, é essencial levar em conta seus limites temporais. Do contrário, corremos o risco de nos enganarmos com ideias que beiram o delírio. Isso não significa desistir do sonho, mas sim adequar o percurso com sabedoria e honestidade.

Flexibilidade é também reconhecer quando um sonho já não faz mais sentido. Às vezes, perseguimos algo não por desejo genuíno, mas por orgulho. Ter o discernimento de deixar ir, quando necessário, é sinal de maturidade e liberdade.

Controle

Outro pilar fundamental é o controle. Há sonhos que dependem de ações concretas que estão ao nosso alcance, e há aqueles que repousam sobre circunstâncias externas, que não podemos comandar. Essa distinção é essencial para evitar frustrações futuras.

Por exemplo, uma garota não pode sonhar em ser papa. Não por incapacidade, mas por uma limitação que está fora do seu domínio: o cargo é, até hoje, reservado apenas a homens. Da mesma forma, uma pessoa nascida no Brasil não pode se tornar presidente dos Estados Unidos, pois a constituição americana exige que o presidente seja natural daquele país.

Quando dizemos que alguém “não pode sonhar”, não estamos negando o direito de imaginar, mas lembrando que este sonho pode vir acompanhado de grandes frustrações por estar completamente fora do nosso controle. Sonhos assim tendem a gerar mais sofrimento do que transformação.

Apoios e oportunidades

Nenhum sonho floresce sozinho. Precisamos de mãos que se estendam, de vozes que nos encorajem e de ferramentas que tornem possível o que parece impossível. Apoios e oportunidades não são bônus, são parte essencial do processo de realização.

Esse é o propósito do Projeto Sonho: oferecer as bases, o suporte e as oportunidades para que cada criança e adolescente possa acreditar e realizar o que deseja.

Sonhos viáveis e sonhos inviáveis

É necessário, com coragem e sensatez, distinguir sonhos viáveis de sonhos inviáveis. Um sonho viável é aquele cuja trajetória depende, em grande parte, de ações sob o controle do próprio sonhador. Já um sonho inviável é aquele que se ancora quase que exclusivamente em fatores externos, onde o controle individual é mínimo ou inexistente, e que geram frustração, desmotivação e sensação de fracasso.

Tomemos novamente o exemplo de alguém que deseja se tornar papa. Por mais genuíno que seja o desejo, esse sonho não é viável para uma mulher. Não estamos afirmando que seja impossível, mas sim que é extremamente improvável. Os critérios são tão restritos e fora do controle pessoal, que perseguir esse sonho pode gerar mais frustração do que motivação.

No Projeto Sonho, buscamos incentivar os sonhos viáveis. Não negamos os sonhos inviáveis, mas ajudamos a redirecionar expectativas quando o caminho se mostra fora do controle individual.

Controle interno e controle externo

É fundamental compreender a diferença entre o que está em nossas mãos e o que escapa ao nosso domínio. O controle interno é quando o indivíduo tem poder direto sobre as ações que o aproximam do sonho e diz respeito àquilo que pode ser alcançado com esforço próprio, como estudar, treinar, mudar hábitos, entre outros. Já o controle externo envolve aquilo que depende de decisões alheias de terceiros, ou seja, o sucesso pessoal depende de fatores fora do alcance direto do indivíduo.

Por exemplo, quem deseja se destacar em um esporte pode treinar, cuidar da alimentação e buscar orientação. Isso está sob seu controle. Mas quem deseja ser eleito para um cargo público depende do voto de milhares de pessoas, e isso escapa ao seu poder direto.

No Projeto Sonho, nosso foco é fortalecer o controle interno, ao mesmo tempo que criamos um ambiente mais justo. Oferecemos apoio psicológico e intelectual para que crianças e adolescentes tenham as ferramentas necessárias para traçar seus próprios caminhos.

Cuidado com as palavras: como os sonhos morrem

Muitas vezes, os sonhos não morrem por falta de talento, mas por excesso de julgamento. Frases como “isso não é pra você”, “você nunca vai conseguir”, “você nem estuda” são ditas de forma tão natural que se tornam veneno silencioso.

Essas palavras ferem, desmotivam e se enraízam no inconsciente. E o pior, são mais comuns entre crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade. Mas é justamente nesses contextos que os sonhos precisam ser mais nutridos, não podados.

O futuro de uma criança não está escrito. Ela pode ainda não se destacar nos estudos, mas isso não define quem ela será. O que define é o quanto ela será apoiada, acolhida e encorajada a se desenvolver.

Aos pais, educadores e adultos que cruzam o caminho dessas crianças: por favor, não matem seus sonhos. Uma palavra mal colocada pode apagar uma chama. Um gesto de incentivo pode reacendê-la. Em um mundo que já limita tanto, que ao menos em casa e na escola, elas encontrem abrigo, fé e possibilidades. Que nunca sejamos o motivo pelo qual alguém deixou de acreditar em si.

Nosso maior sonho

O Projeto Sonho existe para abrir caminhos onde antes havia muros. Acreditamos no poder de cada criança e adolescente, e caminhamos lado a lado com eles, mostrando que sim, eles podem. Buscamos um mundo mais justo, mais humano, e mais oportuno quanto aos sonhos de todos Porque uma sociedade só cresce quando todos têm o direito de sonhar e de realizar.

Este texto foi corrigido com auxílio de inteligência artificial.